
Maria, moradora do Conjunto Patricia, vive sozinha há quatro anos (Foto: Raphaela Kimberly)
Aos 62 anos, a cuidadora de crianças Maria José Borges esbanja saúde. Separada há 17 anos, têm filhos e netos, mas prefere morar sozinha. Moradora do Parque Residencial Patrícia (região norte de Maringá), há 30 anos, Maria faz parte de uma grande maioria de idosos que vivem sozinhos no Brasil e desses, 65% são mulheres.
“Há quatro anos minha filha mais nova saiu de casa. Fiquei sozinha nessa casa de oito cômodos. O motivo pelo qual não me mudei, foi o carinho dos meus vizinhos e porque me viro bem sozinha.”
Segundo dados da Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio), do IBGE, entre os anos de 1992 e 2012, o número de idosos que moram sozinhos triplicou, passando de 1,1 milhão para 3,7 milhões. E nesse mesmo período a população acima de 60 anos cresceu 117%.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Alexandre Kalache, que já dirigiu o programa de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde, diz que as mulheres, escolhem morar sozinhas porque “já criaram os filhos, estão viúvas ou separadas e querem manter a autonomia”.
De acordo a psicóloga Silvana Maria de Souza Pinto, 36, o idoso de hoje tem qualidade de vida melhor do que o de antigamente. “Não são mais aquelas figuras do vovô e vovó em casa preparando o bolinho de chuva.” Hoje, eles tem funções diferentes, trabalham, estudam, praticam esportes.
Estou chegando à fase do ‘ai’. Tem dias que falo para Deus esperar mais um pouco
O que um dia foi visto pela sociedade como abandono de idosos, hoje se tornou autonomia. Uma vitória deles foi o Estatuto do Idoso, conquistado há dez anos, que garante direitos, entre as quais a fila preferencial e assento no transporte público.